quarta-feira, 23 de outubro de 2013

100 km pela região de Campos do Jordão

Bom, recentemente fui convidado para fazer um percurso saindo de Campos de Jordão e voltando à mesma cidade! Uma volta de quase 100 km. 
O meu grande amigo Thiago Bittencourt está treinando para o meio IronMan, coisa que eu passo longe, pois não gosto de correr, não sei nadar direito e pedalar pra mim tem que ser no barro!
Sendo assim acabei declinando ao convite com um pouco de dor no coração, pois adoro desafios. Agora após ver as fotos, a dor só aumentou! O "passeio" deve ter sido muito bacana mesmo!
Abaixo o relato de mais um ciclista amador apaixonado pelo esporte, por desafios e masoquista,  pois pedalar 100 km em 1 dia, no asfalto com um total de subida de quase 2000 m rodando de bike road é gostar de sofrer mesmo... kkkk

"A ideia era rodar 100km como treino. Já que ia treinar, por que não ser em uma região que aliasse as subidas e um visual bonito!? 

Os preparativos.... 2 semanas lendo o que os bikers postaram em diversos blogs e sites de ciclismo...
Preparei 4 roteiros e analisei cada um. Os graus de dificuldade eram bem diferentes.
Dentre os 4, escolhi o abaixo em duas etapas:
1- De Monteiro Lobato até Campos do Jordão pela SP-50, estrada velha de Campos do Jordão.
2- De Campos do Jordão dando a volta pela pedra do Baú, passando por São Bento do Sapucaí, descendo até Santo Antônio do Pinhal (até a bifurcação) e subindo a SP-50 de volta à Campos do Jordão.

A ideia é ir com a esposa para um final de semana a dois, dar uma "escapada" para o pedal, e antes que ela perceba (muito), estar de volta! :)
Total previsto de 85 a 90 km de estrada.
Sexta-feira subi para Campos no fim do dia, com chuva. A expectativa para o outro dia era grande, pois com chuva tudo complica e eu não queria desistir do "treino". Ainda mais que convidei um monte de amigos e todos furaram!
A bike que usei foi uma road com coroas 50/34 e cassete de 12/30. Meu amigo Marcão (MTB na veia) xiou ao saber da relação.
Chegando na pousada Campos de Provence, fui muito bem recebido pelos funcionários. Eles têm um quarto próprio para guardar as bikes dos clientes. Conheci o proprietário, André, um  ex-professor da USP. Recomendo o local!
No dia seguinte, sábado 6:00 da manhã acordado e com tudo preparado para iniciar o pedal, me deparei com um imprevisto. O café da manhã começava as 8:00 e ia até as 12:00. Nesse caso a saída então foi com o estômago vazio.
O dia estava sem chuva, porém com bastante neblina como mostra a foto abaixo. Aliás, uma bela vista do condomínio ao lado da pousada.


Sabia que ia ser quente então como vestimenta tinha:
- Camisa de compressão longa, mais uma camiseta de pedal com bolsos e por cima ainda um quebra vento soft.  A parte de baixo ficou com apenas a bermuda sexy padrão de ciclista.
- Levei calça, e mais uma jaqueta impermeável caso estivesse ainda garoando.... Minha maior preocupação era com a chuva. O risco de levar um tombo com a bike road no asfalto molhado e comprometer a minha prova de triathlon no fim de novembro seria alto. Felizmente isso não ocorreu.

O meu kit de sobrevivência foi:
- três câmaras de pneu extra (fiquei preocupado, pois na semana anterior indo para Itú já havia furado um, imagine um pedal longo e quase sem nada por perto)
- quatro tubos de CO2
- três garrafas de 750 ml de água

Tracei o roteiro no Garmin no próprio site... de saída já peguei a subida para o morro do Elefante, pois a pousada era do lado do teleférico da Vila Capivari.
Perguntei na recepção sobre como era a estrada até São Bento, situação do asfalto, etc. Segundo eles era boa.
Grande surpresa, depois de subir quase 8 km de pedal até o morro do Elefante simplesmente o asfalto terminou e a estrada continua em terra (não esquecemos que choveu 4 dias anteriores, então tinha muita lama).






Bike de road com pneu fino e lama, nada ideal. A solução foi empurrar a bike por quase 2 km até encontrar o asfalto novamente. (na volta perguntei novamente na recepção e eles falaram que eu deveria ter ido pela rodoviária que aí sim seria tudo asfaltado)!!! Que bela manobra!!! :P
Passado a terra, voltei a rodar (dessa vez em cima da bike). 
A estrada não tem uma alma viva, asfalto apesar de muito bom, ainda estava molhado. O frio básico da serra, muita neblina e céu aberto.
Andei com muito cuidado. Além de muito molhado, no asfalto ainda haviam restos de folhas de pinheiros e tomar um capote nas curvas fechadas da descida não seria nada difícil. Resumindo o primeiro terço do pedal foi com velocidade baixa.


A vista é fantástica. Foi lindo ver o horizonte e a neblina abaixo do morro!!!! 

Continuando o pedal para São Bento do Sapucaí, novamente vem subida longa contornando a Pedra do Baú. 





Vista maravilhosa, paz e um ar incomparável. Além de cachoeiras...


Antes de chegar em São Bento tive que parar em uma vendinha, as marchas estavam secas, pois a água do asfalto molhado na estrada veio lavando o que tinha de lubrificante.




Essa foi a solução no meio do nada!!! Comprar um óleo Singer... quebrou um baita galho, mas fez uma sujeira danada em toda a relação. (segunda-feira a bike está indo para a revisão completa!). Fica a dica de incluir um lubrificante no kit de sobrevivência.
São Bento é uma cidade pouco maior que Joaquim Egídio, mas com um povo muito falador e tranquilo!!! Gosto de passar algumas horas lá, porém o que eu estava fazendo era treino para a prova de triathlon e as paradas foram só para tirar fotos de alguns lugares bonitos.








Na estrada em direção a SP 50, ao chegar no trevo onde se encontra quem vem de Monteiro Lobato e Santo Antônio do Pinhal, segui sempre a esquerda, assim não passaria pela cidade de Santo Antônio (estrada é feia e movimentada). 
A partir desse ponto, começou a subida!
Bem antes do trevo tem uma vendinha onde comprei mais 2 garrafas de água para encher as caramanholas.




Estava faltando ainda uns 26 km para chegar em Campos do Jordão. A paisagem continuava deslumbrante, árvores fazendo sombra na pista e praticamente nenhum carro circulando.




O trecho mais duro são os últimos 17 km! Subida com inclinação nunca menor que 5% indo até 15% em alguns pontos, sem dar trégua. Sempre contínuo e subindo.
A batata da perna começa a sentir o tempo de pedal, mais ainda, por causa de estar entre 75 e 85 rpm. (tentando manter ritmo de treino e não passeio) .
Nas primeiras subidas cheguei a pedalar entre 10 e 14 km/h. Estava forte e bem para o meu padrão de treinos. No final, devido a inclinação e chegando perto dos 90 Km, essa velocidade caiu para 8 a 10 km/h! :(
Cheguei de volta a Campos aliviado, leve e satisfeito!
Resumindo, o pedal foi excelente. Muito bom para treino e testes dos limites pessoais. Não é um percurso para principiantes ou intermediários é para avançados ou experts.

É claro que após esse esforço, foi necessário um complemento alimentar rico em fibras para repor as energias!

Aqui como o trajeto ficou no Garmin

Abraço 
Thiago Bittencourt "

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