quinta-feira, 9 de julho de 2015

São Bento do Sapucaí

Difícil achar alguém que não goste de viajar. Eu não fujo à essa regra. Como a grande maioria dos mortais, se fosse possível, minha vida seria sempre viajando e conhecendo locais novos.

O fim de semana passado fomos para São Bento do Sapucaí.

Bem próxima à divisa entre São Paulo e Minas, São Bento fica em um belíssimo vale. Literalmente cercada de morros para todos os lados.
O objetivo principal era realmente dar uma relaxada e esquecer das preocupações e responsabilidades, o objetivo secundário era explorar uma conhecida área de trilhas para MTB. O Zoom Bike Park (http://zoomaventura.com.br/zoom-bike-park/) fica nessa região, à 18 km do centro da cidade e, acreditem, por estrada de asfalto.
Mas voltando ao objetivo principal, São Bento foi uma grata surpresa. A começar pela pousada escolhida.




São 6 chalés muito confortáveis com hidro, lareira cama king e TV de 42". Ideal para um final de semana romântico. Ela fica no meio do mato cravada em uma colina de frente para o vale.
Essa é a vista dos chalés:


Os dias estavam nublados, mas só choveu à noite, então deu para aproveitar bastante a cidade.
E dentro do chalé, tudo muito bem cuidado e com um carinho único.



Os dois chuveiros deixam o banho à dois bem mais agradável e divertido.


O casal proprietário é ótimo. A Débora tem um talento enorme para fazer você se sentir especial e com 5 minutos de conversa, parecíamos amigos de longa data.
Nos recebeu na sede da pousada, que também é a sua casa, com um delicioso bolo recém saído do forno e ali mesmo já recebemos todas as dicas da cidade. Excelente.


O silêncio da noite só era quebrado pelo barulho da mata ou pelos estalos da lenha ardendo na lareira. Realmente um lugar para você descansar a mente e repensar seus objetivos de vida.

Sobre a cidade:
Chegamos por Santo Antônio do Pinhal, uma cidade 30 km antes de São Bento. Charmosa e com um comércio maior e mais refinado. Passamos uma manhã inteira por lá.
Nosso primeiro passeio foi no Jardim dos Pinhais - Ecco Park (http://www.jardimdospinhais.com.br/)

Um conjunto com 8 jardins temáticos caprichosamente cuidados. Os temas vão do japonês ao canadense, ainda contando com jardins de cactos, tropical entre outros. A entrada custa R$ 20,00 com direito a um passeio guiado. O aprendizado sobre plantas e curiosidades é intenso. Se almoçar no restaurante do parque, metade do ingresso é convertido em desconto na refeição, que também possui um cardápio mais refinado.
Não almoçamos, pois chegamos lá perto das 9h00 e saímos perto das 11h00. O restaurante abre ao meio dia e decidimos seguir viagem. Sobre a beleza do parque, melhor deixar as fotos falarem por si:










Gostamos muito e recomendamos o passeio para quem gosta de plantas e flores. Demos a sorte das famosas cerejeiras (sakurás) estarem floridas, o que só acontece uma vez ao ano e isso aumentou ainda mais o glamour do passeio.

De lá fomos direto ao Pico Agudo. Com 1.703 m de altura, este é o 15˚ pico mais alto do Brasil. O forte lá é o voo de asa delta e parapente. Quando chegamos as condições não eram favoráveis, havia muita neblina e nada de vento. Mesmo assim, o visual era incrível.


O céu claro nublado e o branco da neblina baixa confundia a visão do horizonte, mas com o filtro do óculos dava para ter uma visão linda da paisagem. Era exatamente o mesmo visual de um avião.
É possível ver todo o vale da pista de decolagem. Uma visão de 360º. Linda.



Aqui em baixo, a famosa Pedra do Baú.



Ali tudo é perto em termos de distância. 15 km aqui, 20 km ali e você visita tudo. O problema é que é sempre pirambeira, algumas por asfalto e outras por estradas de terra (acessíveis a todo tipo de carro), então, a velocidade acaba sendo baixa e 20 km à 30 por hora, se torna uma "viagem" de quase 1 h para chegar.
As estradas são muito sinuosas, então o ideal é relaxar, curtir o visual e não cometer nenhuma imprudência. Isso nos garantiu um passeio absolutamente sem nenhum susto.

À noite na pousada, pedimos uma pizza no quarto (muito boa por sinal) e curtimos um filme.
No dia seguinte, fomos à pé logo cedo (7h30) até outro ponto turístico (1,5 km da pousada), a cachoeira do Poção. O caminho é típico de cidade do interior. Cheio de animais, cheiro de esterco e todo mundo dando bom dia para todo mundo.






A cachoeira é pequena, mas charmosa. Vale sim a caminhada.




Marcamos o nosso café da manhã no quarto às 9h15, o tempo quase exato do passeio. Então, depois de ver uma linda cachoeira, tomamos esse gostoso café da manhã.


Bem alimentados, partimos para o centro da cidade.
Conhecemos a igreja Matriz que foi construída por escravos.




Como logo pela manhã, quase nada funciona, resolvemos ir direto à outro ponto turístico famoso. A Pedra do Baú.

São menos de 20 km do centro, mas 20 km de pura subida íngreme e sinuosa. Raramente se chega à 50 km/h.
A área da Pedra do Baú foi transformada em parque e é cobrado R$ 10,00 por carro para entrar.
Também vale muito à pena. À vista é linda e a Pedra enorme e imponente.
Também tiramos várias fotos lá.
São 4 trilhas sinalizadas, mas não guiadas.
Seguimos apenas na primeira, a mais curta, já que o tempo ameaçava chuva e com o vento forte, a sensação térmica era perto de 4˚C.


As demais são trilhas mais longas (4h de caminhada) e recomenda-se o uso de equipamento de segurança. Tem até uma ferrata (que descobri ser aquela escada de ferro encrustada na pedra). Da próxima vez nos programamos e vamos fazer a trilha até à Pedra do Baú mesmo. Desta vez, admiramos apenas de longe.



Aqui também é um ponto de decolagem e existem várias operadoras fazendo voo duplo. No dia, com certeza devido ao clima, não tinha ninguém por lá.



A volta também foi um pouco tensa, pois começou à chover. Para nossa sorte, assim que chegamos ao Restaurante Pedra do Baú, um dos mais conhecidos da cidade, a chuva parou e pudemos admirar uma vista fantástica do vale e da Pedra.








Por chegarmos tarde, não pudemos experimentar a comida, mas o local é muito bacana. Tem arvorismo, uma loja de artesanato, lago com carpas, playground, enfim... divertimento para a família toda.
Depois disso fechamos o dia com uma deliciosa batata recheada no quarto da pousada, que também recomendo. Acabei não trazendo os folders para casa, então não lembro dos nomes dos restaurantes, mas a Débora explica tudo direitinho. Apenas seguimos as dicas dela! ;)

No nosso último dia, fomos conhecer o Arte no Quilombo.


Uma cooperativa com mais de 80 artesãos locais fazendo todo tipo de artesanato baseado em madeira, folhas e caules de bananeira e palha de milho.
Tudo muito bonito e com peças de uma criatividade ímpar. Vale à pena conferir.







Com preços justos, acabamos deixando alguns reais por lá. Se você gosta de levar uma lembrança para alguém, com certeza esse é o local.

Como nosso último local em São Bento, fomos conhecer o famoso Ditinho Joana (www.atelieditinhojoana.com.br). Uma artesão de mão cheia que já foi no programa do Jô, deu várias entrevistas e é constantemente chamado para palestras.

Esse com certeza foi um dos melhores locais que visitamos. Chegamos lá sem ninguém e ganhamos a atenção do Ditinho só para nós por deliciosas 2h.
Ouvimos histórias, causos, piadas, pensamentos e diversas explicações para tudo. Falamos de política, ética, família e amor.
O Seo Ditinho é uma pessoa incrível. De uma simplicidade só comparada ao seu carisma.
Foi um prazer ter conhecido pessoalmente um ser tão bacana.


Isso sem contar a sua obra. Ele trabalha com madeiras nobres como jacarandá e pau-brasil. Melhor que descrever é mostrar:


















E pensar que todas as obras são feitas de um bloco de madeira único, sem cola, sem emendas, nada! São impressionantes a riqueza de detalhes e as expressões dos personagens. Isso sem contar que todas as obras tem uma história por trás. Essas histórias são calorosamente interpretadas pelo próprio Ditinho com jogo de vozes e cantoria. Um verdadeiro show. Nunca tinha visto uma escultura com som.
Não dá pra sair de lá sem pelo menos uma botinha (a marca registrada dele).


Com isso chegamos ao fim do nosso passeio. Tivemos 340 km de chuva e neblina na volta.


Mas nada que a paciência, uma excelente companhia ao lado e boa música no carro não resolvesse.